9 de set. de 2005

A televisão me deixou burro de mais (Hanna-Barbera 1)

Hanna-Barbera e Minha Educação Sentimental

Sou da geração babá eletrônica, fui criado pela televisão, pelo Bozo, pela Xuxa e algumas coisas muito boas como o Sítio do Pica-pau Amarelo do Geraldo Casé. Agora o que alguém como eu não pode deixar de mencionar é a Hanna-Barbera. Pôxa vida! Não dá para esquecer o Zé Colmeia (Yogi Bear dos gringos) e o Catatau, o Pepe Legal (Quick Draw McGraw) e sua turma: El Kabong e Babalu, "E não se esqueça disso...", não esqueci mesmo, Chuvisco, Plic e Ploc, Tutubarão, Dynamite, o Bionicão e o Falcão Azul. Não dá nem para falar, a lista é enorme, ficava aqui umas duas horas.

Era tudo muito bom. Quando os personagens corriam ou passevam de carro, passeavam repetidas vezes pelo mesmo lugar (o cenário era o mesmo e ficava se repetindo), pior do que isso, só aqueles filmes das décadas de 50, 60 e 70 que quando os caras estavam no carro ou no trem era sobreposta uma imagem em movimento na janela do carro ou do trem. Da onde tiravam essas idéias e pensavam realmente que alguém era enganado por esses truques? Os cenários dos Flintstones eram pintados com giz de cêra, desses que a gente usa no jardim de infância e no encerramento, quando o Fred voltava para a cama e passava pela Wilma deitada (em camas separadas!), ela não tinha boca, os caras esqueceram de desenhar o boca dela (não leiam em voz alta que é cacofonia), custava trocar um celulóide. Foram não sei quantos zilhões de epsódios e os caras não corrigiram o erro por pura pão-duragem.
À medida em que fui crescendo, meu gosto foi mudando (ainda bem!) no começo eram as correrias do Chuvisco, Plic e Ploc, do Wally Gator, do Pepe Legal, Os Apuros de Penélope (tem muita menina que se chama Penélope por causa dela, sabia?)... Chega! É muita gente para citar.
Quando me dei conta, já gostava de aventura e tinha o Jonny Quest. Já repararam que nos epsódios das temporadas clássicas (as primeiras) do Jonny Quest não tem menina e elas não fazem a menor falta? Os meninos que assistiam também tinham 10, 11 ou 12 anos e para eles: meninas são argh!!! Esse Jonny queria ser modernoso, um jatinho cheio de manha e tudo mais high tech. E o computador do Dr. Banton? Os caras não tinham a menor idéia de que computador era esse barato que nós temos hoje. Era modernoso mais padecia do mesmo mal dos outros: alguns movimentos dos personagens foram reaproveitados até encher o saco, pegavam a mesma cara do sujeito e redesenhavam a boca e os olhos cem mil vezes diferentes, só para não desperdiçar o rosto e o tronco, as roupas também, principalmente as roupas... O Dr. Benton Quest usava um jaleco branco (guarda-pó de mineiros) que nunca foi lavado, assim como as roupas dos outros personagens, só de vez em quando o Jonny aparecia usando um short ou o Roger Race Bannon trocava de roupa e punha um kimono para lutar judô. Esses caras eram uns porcos.
Quando eu já devia estar abandonando os desenhos, pois o precoce desenvolvimento das glândulas mamarias das meninas da escola começava a ofuscar as cores da televisão, aí foi a vez das tramas adultas, dos desenhos família: Flintistones e Jetsons. Que ideiazinha cretina, uma família do futuro e outra do passado. Eh criatividade!

Além da falta de higiene pessoal (as roupas sujas, no caso dos Flintistones eram peles de animais. Devia feder...), das tranqueiras domésticas modernosas e dos defeitos especiais que eram comuns a toda a família Hanna-Barbera, desta vez as tramas eram diferentes. Nada de corre-corre e kabongadas na cabeça ou aventuras e cientistas malucos. Os Flintistones e os Jetsons tratavam de moral, não era nada como os desenhos do He-Man que quanto terminava vinha a lição de moral do dia. Não, os Flintistones contavam uma história, nos divertiam e sem saber a gente acabava virando gente. Gente cheia de defeitos como o Fred (egoísta....), mas de bom coração. Lembro-me de um epsódio em que Barney salva um bebê de um acidente (o clássico carrinho desgovernado descendo ladeira abaixo) e precisa se ausentar para recuperar o balão da criança. Fred, que fica tomando conta do pimpolho, não titubeia quando vê a imprensa, torna-se o herói. Em meio a fama e o prestígio, passa a se mortificar por dentro diante da humildade de Barney (um amigo de verdade) e acaba confessando tudo.
Amizadade, respeito, honestidade, companherismo e um sem número de outros valores eu aprendi com os Flintistones. O único problema é que o Fred não se emendava, no epsódio seguinte, lá ia ele de novo... Como nós, igualzinho a eu e você...
Essa Hanna-Barbera!!!!!
E eu ainda não falei dos cachorros falantes.

2 comentários:

or disse...

... pois... a televisão é uma coisa fantástica.. disseste que foste criado pela xuxa - isso é bom, eu também gostava de ter sido criado pela xuxa... fica bem

Anônimo disse...

eu nao gostava da Xuxa, mas até hoje sou apaixonada por desenhos antigos, como o Pica-pau(antigo) Tom e Jerry,a Pantera - cor - de rosa, sinceramente o seu blogg é inteligente, gostei muito, Parabéns.
beijos.
Bárbara